domingo, 13 de novembro de 2011

Barreiro Rocks 2011



Já tem data marcada a 11ª edição do Barreiro Rocks.

Dia 2 (sexta-feira) e dia 3 (sábado) de Dezembro, no Clube Ferroviário do Barreiro vamos ter dois dias daquele que é um dos (muito poucos) bons exemplos de sucesso e longevidade em termos de festivais de rock'n'roll numa vertente menos comercial.

O cartaz volta a ser muito interessante. 

Dia 2, em grande destaque, temos os Pierced Arrows, que são nada mais nada menos do que 66,66% dos extintos e míticos Dead Moon. Desta vez o casal Fred e Toody Cole junta-se ao baterista Kelly Halliburton (que julgo que é o mesmo que chegou a fazer parte dos Defiance) e trazem-nos uma boa banda de rock'n'roll.

No dia 3 de Dezembro temos o prazer de receber em Portugal o Sr. Jack Oblivian que foi o cabecilha de uma das bandas mais emblemáticas da cena garage-punk revival dos anos 90... os Oblivians. Agora toca um som bem mais calmo, a roçar o country. Na sua essência é Rock'n'Roll... mas a mistura de blues e country é bem vinda e promete também um concerto engraçado.

Pelo que sei, os bilhetes ainda não estão à venda, mas pelo que li no Blog do FrankMarques os bilhetes custarão:

20 Euros o passe para os 2 dias
15 Euros o bilhete de 1 dia só.

A mim, parece-me muito bem este cartaz e, se me for possível, certamente darei um salto ao Barreiro para mais rock'n'roll.


Jack Oblivian


Pierced Arrows

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

The Parkinsons - Live!

Ora boas!

Vou continuar na senda do punk português que apareceu por volta do ano 2000.

Talvez o expoente máximo dessa, chamemos-lhe, geração tenham sido os Parkinsons. Já escrevi sobre eles num post anterior deste blog.

Como todos sabem, a banda a modos que regressou este ano aos concertos, uns cá, outros lá (UK).

No entanto, aparece agora disponível para download o concerto que os Parkinsons deram em Coimbra nesta ultima aparição, com a curiosidade do baterista ser o Kaló (Bunnyranch, Tédio Boys, 77, Tiguana Bibles).

Podem portanto sacar o concerto em audio aqui. A qualidade de som não é a melhor, mas consegue-se entender a energia ímpar que esta banda tem em palco.

Podem também ver este vídeo, retirado do mesmo concerto:

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Guel, Guillul e o Comboio Fantasma

Bom, li há pouco tempo pelo facebook de alguns amigos que saía hoje o 1º disco dos Lacraus. Para quem não sabe, os Lacraus são uma banda da editora Flor Caveira, que ultimamente tanto destaque tem tido nas rádios, blogs, jornais e afins.

Confesso que dos Lacraus pouco conheço. Ouvi, há uns tempos, uma ou outra música algures no saudoso myspace.

Mas porque é que eu falo dos Lacraus? Ora bem... 50% da banda fazia parte de uma das bandas que mais gostei de ver e ouvir aqui no burgo neste 21º Século: Guel, Guillul e o Comboio Fantasma.

Ora... dos Lacraus fazem parte tanto o Guel como o Guillul. Os Comboio Fantasma juntavam a esta dupla de guitarristas/vocalistas Lipe (bateria) e Leut (baixo e órgão).

Lipe é nada mais nada menos que o actual guitarrista e vocalista dos Pontos Negros. Nos Comboio Fantasma era o miúdo de 16 anos que lhe dava bem na bateria.

Leut fez e participou nos Cindy Kat, banda que contava nas suas fileiras com Paulo Abelho e Pedro Oliveira da Sétima Legião.

Tomei conhecimento dos Comboio Fantasma no longínquo ano 2000, no mirc (sim!). Acabei por travar conhecimento com a rapaziada e segui de perto a evolução da banda.

Tinham acabado de gravar o 1º cd (maquete?) e, ainda me lembro... encontrámo-nos no Centro Comercial da Portugália para, entre cervejas e conversas, me darem o tal cd.

Eram 10 músicas algures entre o hardcore clássico e o punk à Ramones. A gravação era “lo-fi” a soar às bandas que na altura andavam muito em voga (Reatards e Oblivians, por aí), algo que não era de todo propositado, mas que dava uma agressividade extra a este CD.



O CD começava com “Confusão” e remetia-me logo para um som à Bad Brains. Depois continuava com “Dá-Me Gasolina” que parecia saído do It's Alive dos Ramones. Destaque ainda para os dois temas mais orelhudos... “Princesa Com Uma Afro Dourada” (ahahaha ainda hoje acho este título fantástico!!) e o clássico “Queluz Está a Arder”.

Em 2002 saíu um 2º CD que tinha, desta feita, mais 6 temas, novamente entre o hardcore, o punk rock, mas já com mais toques de rock, chamemos-lhe, generalista. Deste 2º CD (que se bem me lembro chamava-se “Lutero e Variações”), saiu aquele que, para mim, era o tema mais marcante dos Comboio Fantasma... “Tens Um 666 Escrito Na Testa”, essencialmente porque fazia lembrar uns Motörhead (sim!!). De resto, o CD tinha ainda os temas “Música de Preto”, “Exclusivismo Punk”, “Eram Três” e uma versão bastante calma do tema de António Variações, “Estou Além”.



Este CD seria “re-editado” mais tarde com algumas adições.

Julgo que em 2003 saiu mais um CD dos Comboio Fantasma, homónimo, que incluía os temas “Rádio Estéril”, “Ela Só Vê a Éme-Tê-Vê”, “Tocamos Roque Enrole”, “Deixa Rolar” ou “João Calvino”. O Hardcore já mal se ouvia, o punk também já só servia de referência, este era essencialmente um disco mais rock'n'roll clássico.

Pouco depois acho que a banda acabou.

Ensaiavam (e gravavam) na cave da Igreja Baptista de Queluz, onde chegaram a tocar ao vivo. Cheguei a ver lá um ensaio algures em 2002/2003.

Também vi um dos pouquíssimos concertos que deram, num bar ali para os lados de Alvalade.

Era uma banda de facto peculiar, em todos os sentidos. Faziam da religião e rock'n'roll uma mistura curiosa. Abordavam os temas de forma tão desprendida como ao mesmo tempo engraçada. Acima de tudo eram uma banda bem disposta, sem grandes pretenciosismos.

A história da Flor Caveira entretanto já foi relatada em sites, rádios e até na wikipédia.

Eu, não a vi nascer, mas certamente acompanhei a sua adolescência.

E admito que tenho saudades desses tempos.

Um dia, ia eu pelo metro, encontrei o Leut. Disse-me que para comemorar os 10 anos de Guel Guillul e o Comboio Fantasma iam lançar um tributo à banda em 2010 ou 2011. Nunca tomei conhecimento que isso tivesse saído.

É pena, seria engraçado, mas provavelmente ainda vão a tempo de tratar disso (se é que não o estão a fazer). Assim como seria engraçado um dia, nem que fosse por uma única ocasião, voltar a ver Comboio Fantasma ao vivo e estar na linha da frente a cantar os temas que tanto gozo me deram ouvir á 10 anos atrás...

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Flipside Magazine - O DVD (Best Of, Volume 1)

Para quem não sabe a cena punk americana teve várias revistas e fanzines de suporte. Algumas duraram anos e tiveram uma importância capital, outras nem por isso.

O destaque, naturalmente, vai para a Maximum Rock'n'Roll e para a Flipside.

A Flipside foi criada em 1977 e acabou por ser muito mais que uma revista. Foi também editora, lançou vídeos e fez festivais, para além de relatar tudo o que se passava na cena americana (e não só), com excelentes artigos de opinião.

A Flipside encerrava fileiras em 2000. Pode não ter alcançado o reconhecimento mediático da Maximum Rock'n'Roll, mas sem dúvida que o seu papel não deixou de ser importante.

Durante estes 23 anos de existência foram vários os VHS que a Flipside lançou, especialmente nos anos 80, tendo mais tarde compilado concertos inteiros, como que um Best Of dos vídeos anteriormente lançados. Alguns volumes foram:

- Volume 1 - Circle Jerks e Bad Religion ao vivo em 84/85;
- Volume 2 - Minor Threat e Minutemen ao vivo em 83:
- Volume 3 - DOA e Dead Kennedys ao vivo em 84;
- Volume 4 - The Dicks e MDC ao vivo em 84;
- Volume 5 - Youth Brigade e 7 Seconds ao vivo em 83:
- Volume 6 - The Dickies e Weirdos
- Volume 7 - UK Subs e Subhumans (UK)
...

Estes VHS ainda se encontram à venda pelos e-bays e até pelos Amazon. Foram lançados nos anos 90 com filmagens raras dos anos 80. São um documentário excelente. Eu próprio tinha o Volume 1 (ORIGINAL!!), mas emprestei-o há uns valentes anos e nunca mais me devolveram...

Felizmente começam agora a sair as edições em DVD. A primeira delas junta o Volume 1 e o 6... ou seja, num DVD de duas horas podemos ver Bad Religion, Circle Jerks (num concerto do outro mundo), Dickies e Weirdos ao vivo, com qualidade e num testemunho de inegável valor histórico.

Se quiserem perder duas horas da vossa vida a perceberem se devem ou não comprar o DVD (que até é barato), aqui está o link do youtube onde podem ver as quatro actuações na íntegra!!


Também pelo youtube existem outros vídeos retirados dos VHS originais que podem fazer as delícias da malta que, como eu, delira com esta tipo de bandas. Deixo aqui alguns, bem como links interessantes sobre a Flipside Magazine.

Best Of Flipside VHS - Volume 2 - Minutemen e Minor Threat

1º VHS da Flipside - com vídeos de Social Distortion, TSOL, Black Flag, Circle Jerks...


 2º VHS da Flipside - com vídeos de Minor Threat, The Big Boys, Kraut, Dickies...



4º VHS da Flipside com especial de GBH 


5º VHS da Flipside com vídeos de Pariah, Vagina Dentata, Heart Attack, UK Subs...


8º VHS da Flipside com vídeos de Plain Wrap, Circle Jerks, Agnostic Front...


10º VHS da Flipside com vídeos de Government Issue, Corrosion Of Conformity, 7 Seconds, Necros...





 

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Middle Class - A primeira banda Hardcore?



Em 1976 é formada uma banda na California (em Santa Ana - Orange County) por Jeff Atta, Mike Atta, Mike Patton (não confundir com o outro...) e Bruce Atta.

Estes quatro miúdos começaram a dar concertos em 1977 mesmo no "boom" de bandas de punk californiano, lideradas pelo Germs.

Os concertos eram caóticos (como não poderia deixar de ser na América) e em 1978 a banda consegue lançar o seu primeiro EP. Chamava-se "Out Of Vogue" e era composto por quatro temas com a média de um minuto cada: "Out Of Vogue" e "You Belong" no Lado A e "Situations" e "Insurgence" no Lado B.

Quando se coloca a rodela de plástico no prato e se mete o disco a tocar, não há dúvidas... isto é Hardcore Punk!!

"Out Of Vogue" é um tiro de um minuto, tocado a uma velocidade furiosa e com uma agressividade até então nunca conseguida por mais nenhuma banda. É hoje um clássico.

"You Belong" segue a mesma linha do outro tema do Lado A. Continua a ser Hardcore Punk, menos melódico e mais incisivo. Tal como a malha anterior... um minuto apenas.

Quando viramos para o Lado B, começamos logo com um excelente tema punk-rock... "Situations" é o típico punk americano à Misfits e Germs, mais cru sem grandes produções. Mas um bom tema punk no entanto.

Por fim, "Insurgence" é mais um tema de um minuto de Hardcore frenético que mais tarde iria ser imagem de marca um pouco por toda a América.

A banda começou em 1976 e lançou este EP em 1978, sendo por isso considerada ainda hoje a primeira banda hardcore de sempre.

Podem ouvir todo o EP aqui neste vídeo disponibilizado no youtube:



Os Black Flag começaram no mesmo ano e lançaram "Nervous Breakdown" na mesma altura, mas os testemunhos da época contam que os Middle Class lhes são anteriores e que o próprio Keith Morris era um habituée nos concertos e que chegou a confidenciar aos MC que ele próprio estava a começar uma banda... eram os Black Flag!

Na Europa, os primeiros a tocar hardcore foram uns senhores da Suécia de nome Rude Kids.  Também começaram em 76/77 e em 1978 viram a Polydor lançar o seu primeiro single "Raggare is a bunch of motherfuckers" que vendeu cerca de 5000 cópias e que ainda hoje é considerado um clássico. Mas isso é tema para outras núpcias.

Por fim, resta acrescentar que os Middle Class ainda em 1980 lançaram outro EP, de nome "Scavenged Luxury" que continha o clássico "A Blueprint For Joy". Também composto por 4 temas... mas desta vez num registo mais punk-rock clássico americano. O Lado A, para além do referido tema, tinha ainda "Home Is Where". As duas músicas eram na mesma linha... punk rock com as guitarras mais limpas típicas do punk de OC, mas mantendo agerssividade, mas com muito mais melodia que o registo anterior. Quem ouvia mais tarde TSOL ou Shattered Faith percebe de onde vinha alguma da inspiração, porque as semelhanças existem mesmo!

No Lado B temos "Last Touch" e "Introductory Rites", na mesma linha que o Lado A. Punk Rock já distanciado do que tínhamos ouvido em "Out Of Vogue". No entanto, devo acrescentar que estes 4 temas são bons temas que em nada beliscam a boa reputação dos Middle Class.



Em 1982 ano sai o LP “Homeland” que já entra claramente no post-punk (Wire, Bauhaus e Damned da fase do Black Album misturados). É um disco muito difícil de encontrar até porque não tenho conhecimento de qualquer re-edição.



No entanto, para quem realmente quer ouvir o hardcore punk desta excelente banda, existe uma compilação "A Blueprint For Joy" que para além dos dois EPs tem ainda temas de demos e ao vivo. Vale a pena porque se encontra facilmente pela internet esta compilação e pode-se testemunhar o porquê dos Middle Class terem sido das bandas mais influentes da cena punk e hardcore californiana. Não só porque foram pioneiros, mas porque tinham realmente qualidade.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

The Dole - New Wave Love

Continuamos na senda de bandas britânicas com um só disco. Vou-me agora debruçar sobre uma que ficou bastante conhecida por terras lusitanas devido à sua inclusão na compilação Business Unusual (da Cherry Red Records – compilação já falada neste forum) - The Dole.

Oriundos de Peterborough (terra não muito dada a bandas punk-rock, antes dos The Dole só tinha conhecimento dos The Now), esta banda começou (imagine-se...) em 1977 e ganhou relativa fama localmente, abrindo para nomes como 999.

Diz-se até que tinha uma groupie que os seguia para todo o lado. Foi sobre essa groupie que foi escrita a música “New Wave Love”, nada mais nada menos que o single da banda. Esta história não faz lembrar nada? (Sex Pistols - “Bodies”).

O tema “New Wave Love” é um clássico do punk/new wave, com direito a inclusão de orgão (aliás, o órgão é mesmo o instrumento que domina nesta música).

O tema, para além do ritmo punk, o órgão que caracteriza a new-wave, tem também um toque mais “dark”, especialmente na melodia de voz.

O vídeo dessa música está aqui:



Quanto ao lado B, tem o extenso nome de “Hungry Men No Longer Steal Sheep But Are There Hanging Judges”. Continua com o órgão presente, mas afasta o lado mais sombrio, assim como o lado mais new-wave, assumindo-se como um tema punk-rock clássico, na linha de uns Stranglers ou de uns Los Reactors.




Resta acrescentar que o single saíu sem capa pela editora The Ultimate Label Records em 1978 e que se encontra no e-bay a preços relativamente acessíveis (entre os 30 e os 50 Euros).

A banda, que novidade, separou-se pouco depois do lançamento deste single.

Subs - Gimme Your Heart



Continuando na senda do punk britânico, hoje é dia de apresentar uma banda escocesa que ficou perdida pela história das dezenas (centenas?) de bandas com um ou dois registos que desaparecem e 20 anos mais tarde alguém se lembra de publicitar esses lançamentos.

Os Subs eram oriundos de Glasgow e lançaram em 1978 o seu único single.

O lado A continha o tema "Gimme Your Heart". Este é um bom tema de punk com mistura de power-pop. Melodia, numa guitarra com pouca distorção e um refrão orelhudo.

No lado B encontramos "Party Clothes", um tema na linha do primeiro, mais melodioso ao longo de toda a música, com o baixo típico do punk inglês, sempre a deambular em linhas e escalas.

O single foi lançado pela Stiff Records (através da sua subsidiária, One Off Records) e o tema "Gimme your Heart" aparece na compilação "The Stiff Singles - Volume 2", ao lado dos Pointed Sticks e dos Stiffs, entre outros.



Reza a história que os Subs foram convidados pelos The Exile  para gravar o single pela editora destes, a Boring Records, mas os Subs recusaram. Uma semana depois deste lançamento, a banda terminava.

De realçar que este single teve edição na Alemanha e na Bélgica, em vinil amarelo.

Fica o tema que dá nome ao único lançamento da banda: