quinta-feira, 29 de setembro de 2011

The Dole - New Wave Love

Continuamos na senda de bandas britânicas com um só disco. Vou-me agora debruçar sobre uma que ficou bastante conhecida por terras lusitanas devido à sua inclusão na compilação Business Unusual (da Cherry Red Records – compilação já falada neste forum) - The Dole.

Oriundos de Peterborough (terra não muito dada a bandas punk-rock, antes dos The Dole só tinha conhecimento dos The Now), esta banda começou (imagine-se...) em 1977 e ganhou relativa fama localmente, abrindo para nomes como 999.

Diz-se até que tinha uma groupie que os seguia para todo o lado. Foi sobre essa groupie que foi escrita a música “New Wave Love”, nada mais nada menos que o single da banda. Esta história não faz lembrar nada? (Sex Pistols - “Bodies”).

O tema “New Wave Love” é um clássico do punk/new wave, com direito a inclusão de orgão (aliás, o órgão é mesmo o instrumento que domina nesta música).

O tema, para além do ritmo punk, o órgão que caracteriza a new-wave, tem também um toque mais “dark”, especialmente na melodia de voz.

O vídeo dessa música está aqui:



Quanto ao lado B, tem o extenso nome de “Hungry Men No Longer Steal Sheep But Are There Hanging Judges”. Continua com o órgão presente, mas afasta o lado mais sombrio, assim como o lado mais new-wave, assumindo-se como um tema punk-rock clássico, na linha de uns Stranglers ou de uns Los Reactors.




Resta acrescentar que o single saíu sem capa pela editora The Ultimate Label Records em 1978 e que se encontra no e-bay a preços relativamente acessíveis (entre os 30 e os 50 Euros).

A banda, que novidade, separou-se pouco depois do lançamento deste single.

Subs - Gimme Your Heart



Continuando na senda do punk britânico, hoje é dia de apresentar uma banda escocesa que ficou perdida pela história das dezenas (centenas?) de bandas com um ou dois registos que desaparecem e 20 anos mais tarde alguém se lembra de publicitar esses lançamentos.

Os Subs eram oriundos de Glasgow e lançaram em 1978 o seu único single.

O lado A continha o tema "Gimme Your Heart". Este é um bom tema de punk com mistura de power-pop. Melodia, numa guitarra com pouca distorção e um refrão orelhudo.

No lado B encontramos "Party Clothes", um tema na linha do primeiro, mais melodioso ao longo de toda a música, com o baixo típico do punk inglês, sempre a deambular em linhas e escalas.

O single foi lançado pela Stiff Records (através da sua subsidiária, One Off Records) e o tema "Gimme your Heart" aparece na compilação "The Stiff Singles - Volume 2", ao lado dos Pointed Sticks e dos Stiffs, entre outros.



Reza a história que os Subs foram convidados pelos The Exile  para gravar o single pela editora destes, a Boring Records, mas os Subs recusaram. Uma semana depois deste lançamento, a banda terminava.

De realçar que este single teve edição na Alemanha e na Bélgica, em vinil amarelo.

Fica o tema que dá nome ao único lançamento da banda:

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

O Punk no Reino Unido - Afinal não está esquecido

Bom, recentemente estava a pensar cá para com os meus botões... "só escrevo praticamente sobre punk americano e australiano".

É um facto, os últimos anos da minha vida foram passados a ouvir (em doses industriais) punk americano.

Então e o punk europeu? E o punk mais mediático de todos... o britânico?

Bem, é certo que um pouco por toda a Europa, desde 1976/77 têm aparecido muitas e boas bandas de punk rock, mais ou menos conhecidas.

Na Bélgica apareceram os Kids, na Holanda os Ivy Green ou os Tits, na França os Gasoline ou os Telephone, na Jugoslávia os Pekinska Patka, na Suécia os Rude Kids, na Alemanha os PVC, em Espanha os Eskorbuto ou La Uvi, na Suiça os Bastards e os Nasal Boys, em Portugal os Aqui D'el Rock e por aí fora...

No entanto, foi no Reino Unido que o punk europeu teve o seu maior Boom!

"Então porque é que eu não escrevo mais sobre punk inglês"... pensei eu.

Há excelentes bandas saidas do Reino Unido. Algumas toda a gente conhece e parece óbvio que não vale a pena perder muito tempo a falar delas.

Buzzcocks, The Jam, Sex Pistols, The Clash, X-Ray Spex, The Stranglers, The Damned, ou Generation-X vêm em qualquer compilação de Punk/New Wave. Nem é preciso perceber muito do movimento para já ter ouvido estas bandas.

Para além destas bandas mais mediáticas, existem outras que também são bastante conhecidas (mais ainda depois da internet), que já atingiram também o estatuto de bandas de topo. Falo de Slaughter And The Dogs, Chelsea, The Boys, Eddie & The Hot Rods, UK Subs, Stiff Little Fingers...

Depois houve o aparecimento do Street Punk, do Oi!, da Geração de 82 e, novamente, o mediatismo voltou a acercar-se das bandas inglesas.

Bandas como Cock Sparrer, Cockney Rejects, The Partisans, GBH, Business, Exploited, Adicts, One Way System e afins apareceram um pouco por todo o Reino Unido, com mais ou menos sucesso.

Quero com isto dizer que o "culto underground" inglês acaba por ser muito mais conhecido que o de qualquer outro país.

No entanto, verdade seja dita, existem ainda várias pérolas por explorar nas terras da majestade.

Deixo alguns vídeos de Punk britânico que pessoalmente adoro e coloco ao nível do melhor punk que se fez na América.

Aqui vai:


The Drones - Lookalikes (clássica banda de Manchester. LP de 1977)


The Nipple Erectors (The Nips) - King Of The Bop (banda de Shane McGowan, que mais tarde iria formar os Pogues. Aqui num registo muito mais rock'n'roll)


Eddie & The Hot Rods - Quit This Town (aqui no Top Of The Pops, clássico do álbum Life On The Line de 1977. Os reis do Pub-Rock)


Rezillos - Flying Saucer Attack (segundo single da banda escocesa. Saíu pela Sire em Novembro de 77)


Slaughter & The Dogs - Dame To Blame (banda de manchester. Música tirada do LP "Do It Dog Style" de 1978. Um dos melhores LP's de sempre)


Action Pact - Suicide Bag (grande tema, single de 1982)


The Members - Sound Of The Suburbs (single de 1979 desta banda de Camberley)


The Ruts - Something That I Said (single de 1979 desta banda londrina)


The Insane - El Salvador (mais uma das bandas clássicas do UK82, directamente de Wigan)


Newtown Neurotics - Does Anyone Know Where The March Is (banda pop-punk de Inglaterra, aqui no seu LP de estreia, em 1983)


Satans Rats - You Make Me Sick (single de 1978)


Long Tall Shorty - Win Or Lose (mod revival. Single de 1981. Não eram só os The Jam a fazer bom Mod-Revival em Inglaterra)


ComScore
Tearjerkers - Fingers (clássico tema de uma excelente banda da Irlanda do Norte)

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

O Alfinete - Fanzine Punk-Rock Portuguesa

Já foi escrita, impressa e parece que já anda a circular a nova fanzine punk rock "O Alfinete".

Eu já pedi para guardar o meu número.

Quem a fez sabe o que faz, por isso acredito muito sinceramente que se esta ideia tiver continuidade, estamos perante um documento que irá ter um enorme valor histórico no futuro e que no presente pode ser bastante útil às camadas jovens (e não só) do punk rock nacional com camadas de informação bastante relevante.

Adiante... o primeiro número começa logo bastante bem com os seguintes conteúdos espalhados por 20 páginas impressas a cores:

- Entrevista a Sean O'neill (co-autor do livro "It makes you want Spit")
- Entrevista a Alan Libert (músico que participou na colectanea Punk "Nova Vaga" editada em 1978)
- Artigo sobre The Outcasts (banda clássica Irlandesa)
- Artigo sobre The Jerks
- Artigo sobre a editora Good Vibrations (editora)
- Outros textos incluíndo temáticas como o Harp Bar, texto sobre o Punk, critica ao festival Punk by the Sea, Quartzo (banda rock Portuguesa) e mais...

Capa da 1ª edição da zine "O Alfinete" - retirada do blog Rock no Liceu

Resta acrescentar que estas 20 páginas recheadas de boa informação têm um custo simbólico de 1€ e podem ser encomendadas através do e-mail rocknoliceu@gmail.com ou compradas directamente na Two Tone Store, em Cacilhas (Almada), na rua dos restaurantes.

Por fim, gostava de informar que vai haver uma festa de lançamento d' "O Alfinete" que terá lugar dia 1 de Outubro no Bar "Lugar da Rosa", no Bairro Alto a partir das 23h00.

O DJ de serviço vai ser o nosso amigo Merton e a entrada é livre.

Fica o cartaz:

terça-feira, 20 de setembro de 2011

New Race - Quando Detroit invadiu a Austrália



Hoje vou escrever um pouco sobre uma das bandas (não gosto do termo "projecto", aplicado a bandas musicais, mas se calhar aqui seria mesmo o termo ideal) que menos duração teve, mas que conseguiu causar um impacto significativo, especialmente em termos históricos.

Estávamos em 1981 e os Radio Birdman estavam a acabar. Um dos guitarristas desta que foi, sem qualquer dúvida, uma das bandas mais importantes da cena punk australiana (se não a mais importante... a par dos Saints), era um senhor chamado Deniz Tek. Deniz, nasceu em Detroit e emigrou na década de 70 para a Australia.

Qual a importância disto? Aparentemente nenhuma... mas sim, tem importância!

Eu tenho sempre defendido que a cena punk australiana dos anos 70 (e mesmo a de 80s) é aquela que mais próxima fica do High Energy de Detroit, personificado pelos Stooges, MC5, entre outras...

Se a cena punk americana se torna mais violenta (em termos musicais e não só), bebendo da energia de Detroit e levando-a para outro patamar... se a cena punk inglesa é muito mais baseada no rock mais "garage" e nas bandas da brittish explosion dos 60s (Small Faces, The Who...)... a cena Australiana descende directamente da cena de Detroit e é a que menos lhe toca.

E muita da culpa disso é deste senhor... Deniz Tek e dos seus Radio Birdman.

Esta introdução serve para explicar o porquê da importância dos New Race.


Os New Race eram  uma espécie de "all star band" formada por três membros que seguiram directamente dos Radio Birman:

- Deniz Tek (guitarra)
- Rob Younger (voz)
- Warwick Gilbert (baixo)

Quem completava o quinteto? Nada mais nada menos que dois convidados especiais directamente da terra natal de Tek...

- Ron Asheton (guitarra)
- Denis Thompson (bateria)

Deveriam dispensar apresentações, mas estamos a falar do guitarrista dos Stooges e do baterista de MC5, respectivamente.

A banda estava formada e juntava o melhor do punk australiano com o High Energy de Detroit, com os melhores intervenientes directos possíveis.

Duraram apenas uma tournée, feita à base de concertos em salas pequenas (mas apinhadas) na Austrália e lançaram apenas um disco, ao vivo, de nome "The First and The Last".

Capa da edição original australiana - lançada em 1982


Pode ser um álbum ao vivo, mas foi muito trabalhado em estúdio (misturas e overdubs são evidentes) e é um disco de qualidade e de importância história notável!

Para quem gosta de Stooges, MC5 e do punk australiano inicial tem aqui um disco obrigatório!

O tracklist é interessante... mistura temas originais com versões de Radio Birdman, de MC5 e de Destroy All Monsters (banda onde Ron Asheton era também guitarrista).

Existe uma re-edição em Cd (2002 - Total Energy Records) que contém mais duas músicas (entre elas a versão de Stooges - "Loose", directamente do álbum Funhouse), mas sinceramente nunca a vi à venda (nem pela net), por isso não me vou alongar muito mais sobre ela.

Capa da re-edição de 2002 da Total Energy com 12 temas


Existem outros registos discográficos dos New Race, mas nada oficial, tudo bootlegs (alguns de muito má qualidade sonora!!).

Por isso digo que este disco é obrigatório. Há re-edições em vinil, em cd (porque o original é raro e um tanto ao quanto caro), por isso é só procurar pelos sítios do costume, porque vale mesmo a pena).



New Race - November 22, 1963 (cover de Destroy All Monsters)



New Race - Looking at You (cover de MC5)




New Race - Crying Sun (cover de Radio Birdman)


New Race - Alone In The Endzone (cover de Radio Birdman)

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Rebellion Festival - Dia 4

Ora pois chegámos ao ultimo dia do festival.

Os pés já doíam, o cansaço acumulado já era muito, mas o cartaz não permitia quaisquer tipo de veleidades... hoje era mais um dia com uma grande mão cheia de bandas...

Acabei por perder cinco concertos que queria ver - Red Alert, Sick On the Bus, Jello Biafra, ATV e Lurkers...

Neste dia a minha preferência foi por ver os concertos na íntegra e não andar constantemente de um lado para o outro para apanhar meia hora deste, 40 minutos daquele e afins... outras bandas estavam simplesmente sobrepostas.

Por isso, assentei arraiais no palco principal (Empress Ballroom) desde as 16h30 e de lá só saí para ir ao bar, fumar e ao WC...

Os primeiros a entrar em palco foram os "local heroes"... Goldblade. Era uma banda que tinha curiosidade para ver ao vivo e não defraudaram. Punk rock com atitude e tomates no sítio. Tocaram músicas que já conhecia (Psycho, All We Got Is Rebel Songs...), fizeram um tributo à falecida Poly Styrene (X-Ray Spex), enchendo o palco de mulheres para ajudarem a cantar "Oh Bondage Up Yours" e terminaram com chave de ouro com o clássico que deu nome ao 1º álbum... "Do You Believe In The Power Of RocknRoll". Um concerto muito bem conseguido.

Em seguida entrou em palco Glen Matlock com os seus Philistines. Entre covers de Sex Pistols, Rich Kids, Monkees (o clássico Stepping Stone) e músicas do próprio... o baixista da formação original dos Pistols presenteou a rapaziada com um Rock'n'Roll misturado com Power-Pop de segunda divisão, bem tocado mas sem grande originalidade nem grande interesse. Foi um concerto giro de se ver, especialmente porque eram 5 e meia da tarde, pouca gente e deu para ver mesmo lá à frente descansadinho, mas pouco mais do que isso.

Ora... às 18h40 entravam em palco uma das bandas mais aguardadas pela minha pessoa... The Outcasts. Uma das bandas clássicas da Irlanda, reuniam-se pela primeira vez desde há alguns anos...  e ainda bem! Excelente concerto!! Abriram com o clássico "Self Conscious Over You" e continuaram durante mais de 40 minutos a lançar clássicos como "You're a Disease" ou "Just Another Teenage Rebel". Terminaram em grande com "The Cops Are Coming" naquele que foi dos melhores concertos do dia. Muito bom!

Seguiram-se os UK Subs. Compreensivelmente, uma das bandas mais respeitadas no seio do punk londrino, subiram ao palco e abriram com o grande tema "Endangered Species, seguindo-se um rol de temas como "Kicks", "Down At The Farm", "Riot" e terminaram com "Warhead". Claro que voltaram para o encore que contou com "CID", "I Live In A Car" e "Stranglehold". Boa prestação dos UK Subs, mas aquém daquilo que já os vi fazer em Almada há um par de anos atrás...

Às 21h15 começava o concerto da noite (para mim)... subiam ao palco os Slaughter & The Dogs para interpretar, na íntegra, o seu álbum "Do It Dog Style". Ok... tendo em conta que é dos meus álbuns preferidos e daqueles que me acompanham há mais de uma década, não podia estar mais ansioso. E claro... começar um concerto com o mega-clássico "Where Have All The Boot Boys Gone" é de deixar logo qualquer um rendido. Pogo do princípio ao fim, numa actuação brutal dos ingleses.


Destaque para a grande adesão do público em "Boston Babies" e também em "You're A Bore", "Quick Joey Small" e "We Don't Care". Depois de terminado o álbum, a banda saíu e voltou para um encore que foi nada mais nada menos que "The Bith" e "Cranked Up Really High" (o 1º single!!). E foi uma maneira brutal de terminar o concerto, com toda a gente a cantar, a pular, a dançar... num ambiente único de um concerto simplesmente fantástico!!


Slaughter & The Dogs

Faltava só mais um concerto e era hora de ir para casa...

Mas o concerto que faltava eram os Adicts e eram uma banda que eu também queria (bastante!!) ver.

E foi exactamente aquilo que esperava deles... clássico atrás de clássico num ambiente divertido. O vocalista, Monkey, soube agarrar o público com os seus "truques de magia" e de "circo", deixando todos os presentes com um sorriso nos lábios, enquanto nos presentava com temas como "Let' Go", "Chinese Takeaway", "Who Split My Beer", "Viva La Revolution" (e a sala quase vinha abaixo!), "Joker In The Pack". Terminaram, em grande, com o hino "You'll Never Walk Alone" e, mais uma vez, toda a gente ergueu o punho e cantou enquanto fitinhas, balões, confetis e afins voavam pela sala... Quem diz que o punk rock não pode ser alegre?

The Adicts

Ora, terminados os Adicts, era hora de voltar para o hotel e no dia a seguir deixar Blackpool...


No entanto, com Zero Boys, DOA e SNFU já confirmados para o Rebellion Festival de 2012, parece que é cada vez mais provável regressar.


Foram 4 dias cansativos, mas certamente inesquecíveis.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Rebellion Festival - Dia 3

Sábado!!

Bastava olhar para o cartaz e ver o que de bom hoje havia para ver...

Admito que ainda tentei acordar cedo e ir para o recinto ao meio dia porque pouco depois tocavam os Rat City Riot, banda com a qual já dividi o palco, mas acabei por deixar isso... e ficar a descansar mais um bocado.

Então, a primeira banda do dia foram os clássicos 999, no palco principal às 15h40. E que maneira de começar o dia... a banda de Nick Cash foi simplesmente brilhante! Grande concerto. Uma força de guitarras impressionante, uma voz sempre no sítio e o baixista (Arturo, dos Lurkers) sempre a manter a secção rítmica impecável. Os clássicos foram todos tocados... destaque para "Homicide", "Nasty Nasty", "Feeling Alright With The Crew" e "Inside Out". O concerto foi tão bom que obrigou a banda a 2 encores e a organização a ligar de novo os amplificadores que já estavam desligados para preparar a banda seguinte. Um dos encores foi com "My Street Stinks".

Isto só mostra como os 999 ganharam o público com o seu rock com uma grande veia punk e honestidade. A banda que até agora participou em todos os Holidays In The Sun / Rebellion Fest mostrou que está para lavar e durar. Impressionante!

999

Depois do 999 foi hora de ir comer qualquer coisa porque depois não haveria mais tempo para nada. Eram 18h20 quando, na Arena, entraram em palco os London. A banda que lançou o LP Animal Games, apresentou-se num concerto mediano. Daqueles concertos que foi giro, mas nada de especial. Deixaram de fora os temas do single... a cover de "Friday On My Mind" e "Siouxsie Sue". Basearam o seu set no Animal Games e conseguiram uma prestação razoável.

Na mesma sala, menos de uma hora depois entraram em palco os Splodgenessabounds. Tocaram o seu street punk e fizeram-no bem. A sala, que estava menos de meia nos London, ficou bem mais cheia agora. O público aderiu bem e o concerto foi melhor que o de London (mas ainda assim nada do outro Mundo).

Às 20h10, já na sala principal, entraram em palco The Boys. Concertão!!! Embora os 999 tenham estado mesmo muito bem, os The Boys conseguiram superar a actuação dos rapazes do Nick Cash. Entrou directamente para o Top 3 de concertos do festival. Energia, intensidade e muito rock'n'roll foram os ingredientes deste concerto.

Os clássicos sucediam-se um atrás do outro... "Sick On You", "Terminal Love", "I Don't Care", "Brickfield Nights" e obviamente "First Time" foram interpretados de forma soberba pela banda londrina, que provou ser das melhores bandas punk rock ainda em actividade.

Depois vinha o grande problema da noite... às 21h30 entravam em palco os Dickies. E entraram de rompante, a tocar os clássicos dos primeiros discos... "Banana Splits" e "Nights In White Satin" abriram o set. Seguiram-se mais duas músicas da fase inicial... mas o relógio não permitia ficar mais tempo. O concerto estava a ser mesmo bom.

O problema é que 22h00 começavam os Newtown Neurotics. E essa era uma banda que eu não podia perder. Começaram mesmo à hora (pontualidade britânica) e começaram com "Wake Up". Quando terminou a primeira música, Steve Drewett informava que o set desta noite era o LP "Beggars Can Be Choosers" (de 1983) de uma ponta à outra.

Mais feliz não podia ficar! Seguiu-se "The Mess" e  começava a ficar decepcionado. A voz de Drewitt desafinava aqui e ali (de forma notória!!)... Só que depois entrou num trio de músicas que me deixou completamente aterrado (no melhor sentido possível)... "Get Up And Fight", "No Respect" e "Agony" foram tocados na perfeição e embalou a banda para um concerto excelente. Não ao nível dos The Boys, mas claramente ao nível de 999. O público todo cantava as músicas, o ambiente era simplesmente fantástico e os clássicos continuavam a suceder-se. A fechar, a cover dos Members com a letra alterada... "Living With Unemployment" foi provavelmente o momento mais alto de todo o festival. Não só porque a letra continua actual (ou se calhar, mais do que nunca) - o que lhe deu uma carga emocional brutal - como os próprios coros o permitem. Momento de antologia, sem dúvida!

Newtown Neurotics

 A banda que se seguia era Church Of Confidence. A banda vem de Berlim e tem já uma discografia que engloba 5 álbuns de originais. Conheci-os quando estavam na editora alemã People Like You. Desde então que acompanho a sua carreira.

Lançaram no ano passado o seu 5º LP de nome "Takin' Over" e começaram com os 3 temas que abrem o mais recente lançamento... "Rejected", "Hey Ho Let's Go" e "Call Of The Wild". Seguiram-se os temas antigos... desde "Teaching The Children How To Play The Blues" até "Livin' On Crime", passando pela cover de Zero Boys "Civilazion's Dying" e terminando com "West Berlin", os Church Of Confidence deram um excelente concerto punk rock'n'roll influenciado por Social Distortion, Ramones e Motorhead. Destaque para a participação de TV Smith (The Adverts) no tema "Only One Flavour", composto pelo birtânico e que entrou num álbum de originais dos COC. Muito bom concerto dos alemães que mostraram estar em grande forma.

Quando terminaram os alemães, era perto da meia-noite e era altura de beber mais uma cerveja e ir até à Empress Ballroom ver os Cock Sparrer, a banda que mais gente trouxe ao festival. A sala estava completamente cheia (e é bem grande). Começaram atrasados, mas começaram (como sempre) com o clássico "Riot Squad". A adesão do público foi simplesmente fantástica. Os refrões foram cantados por praticamente toda a gente.

Os Cock Sparrer já habituaram toda a gente a concertos muito bons e este não foi excepção. Não vi até ao fim, mas ainda ouvi clássicos como "What's It Like To Be Old", "Working" e "Watch Your Back", que causaram a verdadeira loucura na sala.

No entanto, não deu para ver tudo... porque na sala ao lado (Arena) meia-hora depois do começo de Cock Sparrer tocava Eddie and The Hot Rods.

Não vi o início da banda (ainda estava nos Cock Sparrer), mas vi o concerto praticamente todo (e ainda bem). Muito bem conseguido... pub-rock e punk misturados num desfilar de grandes temas... "Quit This Town" ou "Do Anything You Wanna Do" foram temas que se puderam ouvir durante o concerto. No final, uma série de várias covers... incluíndo "The Kids Are Alright", "Gloria", "Get Out Of Denver" e "Born To Be Wild". A noite de sábado foi assim fechada com chave de ouro.

Que grande dia este!!