segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Spent Idols - KBD em plenos anos 90

Os anos 90 e o início deste novo milénio foram marcados pelo aparecimento de imensas bandas punk-rock'n'roll, garage-punk e muitas bandas que voltaram a pegar numa sonoridade mais obscura do punk e trouxeram-na de novo às bocas do Mundo.

Na Suécia apareciam que nem cogumelos bandas que misturavam o punk dos 70s com o glam ou com o high-energy. Na América o Garage Punk teve um revivalismo brutal.

Foram várias as bandas de destaque, mas hoje lembrei-me de uma das que mais gostei: The Spent Idols.

O que é que os Spent Idols tinham de diferente das restantes bandas que surgiam por todo o Mundo? Para mim, a crueza e a genuinidade que o punk originalmente teve. Eram agressivos no som, na aparência e, rezam as crónicas, nos concertos.

O som era claramente Killed By Death. Lembravam aquelas bandas que praticamente ninguém conhecia na altura, com as guitarras estridentes e a bateria agressiva... do género dos Hollywood Squares, Vox Pop, Detention, Stiphnoyds e outras bandas do género.

Se quiserem uma comparação com bandas mais conhecidas, tinham um som de guitarra à Pagans (mais mal tocado e mal produzido) e uma bateria à Fear. O vocalista, Mike Spent, era um misto de Darby Crash, GG Allin (fase Jabbers) e Stiv Bators... mas mais desafinado.

Sei o que estão a pensar... "porra se a banda não tocava nada de jeito e o vocalista ainda desafinava, porque é que este gajo diz bem dos Spent Idols"? Porque o punk-rock, meus amigos, não se consegue explicar. Meter uma rodela de 7 polegadas de vinil a tocar no gira-discos e simplesmente sentir uma cumplicidade, sentir que é genuíno, sem merdas nem floreados. Porra, os Spent Idols eram punk-rock a sério, in your face e caótico como este nunca devia ter deixado de ser.

Que eu saiba, lançaram cinco 7'', um Split, um Mini-LP e 2 álbuns, mais um Cd que reunia material de outros lançamentos.

Fizeram covers excelentes: "The Punk" (Cherry Vanilla) ou "Love Comes In Spurts" (Richard Hell) e tinham originais que marcaram muito a altura.

Quem ouviu a "I Don't Give a Fuck" uma vez nunca mais se esqueceu do refrão...

Os lançamentos não são fáceis de encontrar, mas ainda se arranjam pela internet.

A banda começou em 1993 deu o ultimo concerto em 1997. Depois, Mike Spent iria fazer os New York Whores, mas também estes não iriam durar muito tempo.

Li algures pela net que os Spent Idols entretanto regressaram mas não soube de nada, embora hajam vídeos na net de concertos em 2003. Encontrei agora o facebook do próprio Mike Spent e vou tentar tirar isso a limpo.

Enquanto isso, fiquem com estes vídeos que a mim me fazem recuar no tempo e erguer o punho a gritar... "isto é que é punk caralho!".





domingo, 13 de novembro de 2011

Barreiro Rocks 2011



Já tem data marcada a 11ª edição do Barreiro Rocks.

Dia 2 (sexta-feira) e dia 3 (sábado) de Dezembro, no Clube Ferroviário do Barreiro vamos ter dois dias daquele que é um dos (muito poucos) bons exemplos de sucesso e longevidade em termos de festivais de rock'n'roll numa vertente menos comercial.

O cartaz volta a ser muito interessante. 

Dia 2, em grande destaque, temos os Pierced Arrows, que são nada mais nada menos do que 66,66% dos extintos e míticos Dead Moon. Desta vez o casal Fred e Toody Cole junta-se ao baterista Kelly Halliburton (que julgo que é o mesmo que chegou a fazer parte dos Defiance) e trazem-nos uma boa banda de rock'n'roll.

No dia 3 de Dezembro temos o prazer de receber em Portugal o Sr. Jack Oblivian que foi o cabecilha de uma das bandas mais emblemáticas da cena garage-punk revival dos anos 90... os Oblivians. Agora toca um som bem mais calmo, a roçar o country. Na sua essência é Rock'n'Roll... mas a mistura de blues e country é bem vinda e promete também um concerto engraçado.

Pelo que sei, os bilhetes ainda não estão à venda, mas pelo que li no Blog do FrankMarques os bilhetes custarão:

20 Euros o passe para os 2 dias
15 Euros o bilhete de 1 dia só.

A mim, parece-me muito bem este cartaz e, se me for possível, certamente darei um salto ao Barreiro para mais rock'n'roll.


Jack Oblivian


Pierced Arrows

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

The Parkinsons - Live!

Ora boas!

Vou continuar na senda do punk português que apareceu por volta do ano 2000.

Talvez o expoente máximo dessa, chamemos-lhe, geração tenham sido os Parkinsons. Já escrevi sobre eles num post anterior deste blog.

Como todos sabem, a banda a modos que regressou este ano aos concertos, uns cá, outros lá (UK).

No entanto, aparece agora disponível para download o concerto que os Parkinsons deram em Coimbra nesta ultima aparição, com a curiosidade do baterista ser o Kaló (Bunnyranch, Tédio Boys, 77, Tiguana Bibles).

Podem portanto sacar o concerto em audio aqui. A qualidade de som não é a melhor, mas consegue-se entender a energia ímpar que esta banda tem em palco.

Podem também ver este vídeo, retirado do mesmo concerto:

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Guel, Guillul e o Comboio Fantasma

Bom, li há pouco tempo pelo facebook de alguns amigos que saía hoje o 1º disco dos Lacraus. Para quem não sabe, os Lacraus são uma banda da editora Flor Caveira, que ultimamente tanto destaque tem tido nas rádios, blogs, jornais e afins.

Confesso que dos Lacraus pouco conheço. Ouvi, há uns tempos, uma ou outra música algures no saudoso myspace.

Mas porque é que eu falo dos Lacraus? Ora bem... 50% da banda fazia parte de uma das bandas que mais gostei de ver e ouvir aqui no burgo neste 21º Século: Guel, Guillul e o Comboio Fantasma.

Ora... dos Lacraus fazem parte tanto o Guel como o Guillul. Os Comboio Fantasma juntavam a esta dupla de guitarristas/vocalistas Lipe (bateria) e Leut (baixo e órgão).

Lipe é nada mais nada menos que o actual guitarrista e vocalista dos Pontos Negros. Nos Comboio Fantasma era o miúdo de 16 anos que lhe dava bem na bateria.

Leut fez e participou nos Cindy Kat, banda que contava nas suas fileiras com Paulo Abelho e Pedro Oliveira da Sétima Legião.

Tomei conhecimento dos Comboio Fantasma no longínquo ano 2000, no mirc (sim!). Acabei por travar conhecimento com a rapaziada e segui de perto a evolução da banda.

Tinham acabado de gravar o 1º cd (maquete?) e, ainda me lembro... encontrámo-nos no Centro Comercial da Portugália para, entre cervejas e conversas, me darem o tal cd.

Eram 10 músicas algures entre o hardcore clássico e o punk à Ramones. A gravação era “lo-fi” a soar às bandas que na altura andavam muito em voga (Reatards e Oblivians, por aí), algo que não era de todo propositado, mas que dava uma agressividade extra a este CD.



O CD começava com “Confusão” e remetia-me logo para um som à Bad Brains. Depois continuava com “Dá-Me Gasolina” que parecia saído do It's Alive dos Ramones. Destaque ainda para os dois temas mais orelhudos... “Princesa Com Uma Afro Dourada” (ahahaha ainda hoje acho este título fantástico!!) e o clássico “Queluz Está a Arder”.

Em 2002 saíu um 2º CD que tinha, desta feita, mais 6 temas, novamente entre o hardcore, o punk rock, mas já com mais toques de rock, chamemos-lhe, generalista. Deste 2º CD (que se bem me lembro chamava-se “Lutero e Variações”), saiu aquele que, para mim, era o tema mais marcante dos Comboio Fantasma... “Tens Um 666 Escrito Na Testa”, essencialmente porque fazia lembrar uns Motörhead (sim!!). De resto, o CD tinha ainda os temas “Música de Preto”, “Exclusivismo Punk”, “Eram Três” e uma versão bastante calma do tema de António Variações, “Estou Além”.



Este CD seria “re-editado” mais tarde com algumas adições.

Julgo que em 2003 saiu mais um CD dos Comboio Fantasma, homónimo, que incluía os temas “Rádio Estéril”, “Ela Só Vê a Éme-Tê-Vê”, “Tocamos Roque Enrole”, “Deixa Rolar” ou “João Calvino”. O Hardcore já mal se ouvia, o punk também já só servia de referência, este era essencialmente um disco mais rock'n'roll clássico.

Pouco depois acho que a banda acabou.

Ensaiavam (e gravavam) na cave da Igreja Baptista de Queluz, onde chegaram a tocar ao vivo. Cheguei a ver lá um ensaio algures em 2002/2003.

Também vi um dos pouquíssimos concertos que deram, num bar ali para os lados de Alvalade.

Era uma banda de facto peculiar, em todos os sentidos. Faziam da religião e rock'n'roll uma mistura curiosa. Abordavam os temas de forma tão desprendida como ao mesmo tempo engraçada. Acima de tudo eram uma banda bem disposta, sem grandes pretenciosismos.

A história da Flor Caveira entretanto já foi relatada em sites, rádios e até na wikipédia.

Eu, não a vi nascer, mas certamente acompanhei a sua adolescência.

E admito que tenho saudades desses tempos.

Um dia, ia eu pelo metro, encontrei o Leut. Disse-me que para comemorar os 10 anos de Guel Guillul e o Comboio Fantasma iam lançar um tributo à banda em 2010 ou 2011. Nunca tomei conhecimento que isso tivesse saído.

É pena, seria engraçado, mas provavelmente ainda vão a tempo de tratar disso (se é que não o estão a fazer). Assim como seria engraçado um dia, nem que fosse por uma única ocasião, voltar a ver Comboio Fantasma ao vivo e estar na linha da frente a cantar os temas que tanto gozo me deram ouvir á 10 anos atrás...