quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Rebellion Festival - Dia 2

Ora bem, depois de um bom primeiro dia, era altura de regressar, sexta-feira, aos Winter Gardens para mais um dia de bom punk-rock.

O cartaz para o 2º dia era forte e a dificuldade estava em escolher as bandas a ver. Por opção, preferi descansar bem e ir para os concertos apenas ao final da tarde para poder aguentar as bandas mais fortes à noite.

E por isso, o primeiro concerto que vi foi às 19h10 na Arena. Em palco, o trio hardcore The Stupids. Sempre gostei desta banda. E o concerto foi exactamente aquilo que estava à espera. Hardcore ultra-rápido, com músicas de 1 minuto e com as vocalizações a serem divididas pelo baixista e pelo baterista. Gosto deste hardcore old-school (por vezes infantil... e muito! no caso dos Stupids) e, como tal, saí satisfeito da Arena.

  
The Stupids

Em seguida, era altura para escolher entre Vibrators e Peter and The Test Tube Babies. Confesso que pensei duas vezes, mas acabei por ir ver a banda do Knox. Até porque quem ia comigo nunca os tinha visto e tinha imensa curiosidade em o fazer.

Ora bem, primeiro erro crasso... os Vibrators entraram em palco sem o Knox... sendo as vocalizações divididas pelos três elementos que actualmente, pelos vistos, compõem a banda britânica. Ora então... pelo que já percebi pelo myspace dos Vibrators, Knox saíu mesmo da banda que criou em 1976, deixando-a entregue ao outro membro fundador, Eddie (Bateria). No baixo, já há alguns anos, temos o Peter (dos No-Direction) e na guitarra Nigel (guitarrista dos clássicos The Members). E foram estes três que nos deram os clássicos do costume (Troops of Tomorrow, Judy Says, Baby Baby...) e a surpresa com o Nigel a cantar o hino dos Members, "Sound of the Suburbs" que foi mesmo a música que teve maior aderência do público. Decepcionante...

Felizmente, em seguida tocaram os Anti-Nowhere League e presentearam-nos com o melhor concerto da noite e um dos melhores do festival. Abriram as hostilidades, como sempre, com a "We Are The League" e seguiram-se cerca de 50 minutos do melhor punk rock que se pode ver. "Streets Of London", "Let's Break The Law", "For You", "So What", "We Will Survive" e o mais recente single "This Is War" foram temas que se puderam ouvir com a Empress Ballroom (bem composta) a prestar a devida homenagem a uma grande banda.

Anti-Nowhere League

Terminada a banda de Animal e companhia, seguiram-se os Business, com o seu Oi! competente, com direito aos clássicos (quase) todos e ao público skinhead em delírio. boa actuação dos ingleses, como aliás seria de esperar. A Empress Ballroom ficou bastante composta também para receber a banda de "Suburban Rebels", "Harry May" e "The Truth The Whole Truth" (provavelmente o ponto alto do concerto).

Depois do Oi! dos Business, era altura de descer um pouco até ao Olympia (palco sem grandes condições, diga-se...) para ver os clássicos GBH. A banda que é um dos porta-estandartes da Legião UK 82 fez aquilo que já se esperava deles... tocaram o seu punk-hardcore com guitarradas aqui e ali a roçar o metal, bem mais rápidas que os distantes originais da década de 80. Pessoalmente, não gostei muito (acho que as músicas rápidas demais perdem muita da sua piada)... mas não deixou de ser um concerto razoável.

Atenção que não vi  GBH até ao fim, porque 35 minutos depois destes começarem, na sala principal dava-se o regresso aos palcos dos Infa-Riot. Antes de tudo, devo dizer que nunca fui grande adepto desta banda. Conheço bem o 7' Kids Of The 80's e razoavelmente o LP Still Out Of Order. No entanto, tal como aconteceu o ano passado quando fui surpreendido por um concerto fantástico dos Angelic Upstarts (banda que nunca gostei por aí além), este ano foram os Infa-Riot que me prendaram com uma excelente (mesmo!) actuação, recorrendo a todas as músicas antigas que eu conhecia, sempre bem executadas e com garra. Começaram com a sua versão avassaladora do "Emergency" e a partir daí arrancaram para um concerto muito bom, ficando o público igualmente rendido. Uma das excelentes actuações do festival, sem dúvida.

Infa-Riot

Quando Infa-Riot terminaram ainda deu tempo de ir fumar um cigarro, beber uma cerveja e voltar para a sala Olympia (que espero sinceramente que reconsiderem em futuras edições a sua não utilização, pelo menos para bandas grandes). 45 minutos depois da meia-noite entravam em palco os Damned. A minha curiosidade para os ver era enorme. Sou fã de Damned desde os meus tenros 15/16 anos. Gosto de tudo até ao Black Album e tenho alguma simpatia pelo Grave Disorder (com a Patricia Morrison no baixo). No entanto, Damned são daquelas bandas, até pela sua antiguidade, que mais facilmente nos desiludem do que nos conquistam.

Devo dizer que eu, pessoalmente, gostei do concerto, fiquei surpreendido pela positiva. Provavelmente porque o set do concerto foi praticamente todo baseado no Machine Gun Etiquette (que é só o meu album preferido deles), do qual tocaram 5 músicas. Começaram em grande com "Melody Lee" e acabaram melhor ainda com "Smash It Up". A juntar aos temas deste albúm, tocaram ainda do 1º "Fan Club" e os clássicos "New Rose" e "Neat Neat Neat". De resto... "Wait For The Blackout" e uma ou outra mais recente completaram o set.

O line-up actual, da formação clássica, apenas conta com Dave Vanian e Capitain Sensible, o que não deixa de ser pena.

Acabados os Damned, era hora de voltar para o hotel e preparar o próximo dia, também ele recheado de bandas de eleição para ver.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Rebellion Festival - Dia 1

Ora então cá está a prometida review ao festival punk do ano, o Rebellion Fest, em Blackpool.

Antes demais devo dizer que foi a minha estreia em festivais na Grã-Bertanha. Já tinha estado no Punk & Disorderly em Berlim, mas cedo me apercebi que a dimensão deste é bastante superior. São 6 palcos (um deles acústico, ao género Café Concerto), sempre com bandas a tocar. Bandas desde as mais conhecidas no universo punk, até à banda mais underground de Londres ou do Canadá.

O primeiro dia, naturalmente, foi o dia do aquecimento, do reconhecimento do terreno, do beber de todo aquele ambiente em torno de nós.

Os concertos eram nos Winter Gardens, um edifício gigante que apenas está parcialmente utilizado pelo festival. Já li na revista disponibilizada à entrada aquando da compra do bilhete e da sua troca pelas já habituais pulseirinhas, que para 2012 teremos mais uma sala disponível com capacidade para cerca de 2000 pessoas.

A organização do festival foi irrepreensível. Tudo feito a perceito e tudo com um propósito. Os seguranças são simpáticos (ao contrário de cá), acessíveis. Existiam dois corredores só com bancas de vinil e merchandising (onde no primeiro dia muita gente, incluindo eu, fez as suas comprinhas).

No primeiro dia, dois dos palcos estiveram inactivos (a maior sala tinha dois palcos, mas manifestamente sem grandes condições).

Assim, deu para conhecer o o palco principal (Empress Ballroom) e aquele que foi o palco que eu mais gostei, a Arena (um palco mais pequeno, mas bastante acolhedor, ideal para concertos de bandas médias mas capazes de agarrar o público). Ainda passei pelo palco Acústico (para beber) e também pelo Bizarre Bazaar onde tocavam artistas mais "diferentes" do habitual street punk, Oi!, Punk 77 que o festival usualmente nos oferece.

Então vamos começar pelas bandas...

Depois das compras, da visita geral ao festival, era tempo de começar a ver concertos.

A primeira banda que vi foram os Geoffrey Oi!Cott, já passavam 45 minutos das 6 da tarde. O palco era a Arena (o tal mais pequeno, mas com mais "jogo" punk 77).

Geoffrey Oi!Cott


Admito que não conhecia rigorosamente nada desta banda. Entraram em palco vestidos de branco e o vocalista trazia nas mãos um taco de Criquete, desporto bastante popular na Inglaterra. O público, maioritariamente skinhead, rapidamente gritava "Yorkshire! Yorkshire!". Percebi que deveria ser a terra natal da banda.

Começaram a tocar... Street-Punk Oi! assumido, com influências de Cockney Rejects, 4-Skins ou Major Accident.

Não sendo naturalmente a minha chavena de chá (embora durante alguns anos tenha ouvido bastantes bandas Oi! e Street Punk, especialmente da Legião 82), admito que gostei de ouvir esta banda. Segura, coesa e com uma boa interacção com o público. Devo acrescentar que tocar na Arena tem outra vantagem, é a sala que melhor som tem.

O primeiro concerto foi bom, mas era hora de ir jantar porque a seguir vinham as "bandas a sério".

Depois do estômago cheio, era tempo de rumar ao palco principal (Empress Ballroom). Estavam prontos para começar os World Inferno Friendship Society. Mais uma banda que pouco conhecia. Tocavam uma espécie de "punk alternativo" ou uma espécia de "world music meets punk rock", a fazer lembrar uns Magazine das sua fase inicial, mas mais melódicos. Pelo que li na revista oficial do festival, são uma banda composta por mais de 30 (!!!) elementos, mas apenas 6 se apresentaram em palco, se a memória não me falha. Era o vocalista, a baixista, a baterista, o guitarrista e duas mulheres a tocar violino.

Sinceramente não desgostei de certas partes (ou certas músicas), mas no geral achei o concerto um bocado aborrecido. Ainda assim, terminaram com chave de ouro com o clássico "Only Anarchists Are Pretty".

Em seguida ia tocar a banda que mais gente meteu no 1º dia do festival... The Old Firm Casuals. Quem são? A nova banda do Lars Frederiksen dos Rancid.

Conseguiram, às 22h05, deixar muito bem composta a Empress Ballroom. O som era um Street Punk / Oi! copiado dos clássicos dos Cockney Rejects e dos Clash.

Devo mesmo dizer que esta banda não é mais do que um reciclar de riffs que todos já ouvimos. Aliás, um dos riffs de uma música era praticamente igual à "Clash City Rockers". Sim, tocam bem, mas foi uma banda completamente desinteressante que nada de novo traz ao que quer que seja.

Resta acrescentar que terminaram o concerto com o clássico dos Last Resort, "Violence In Our Minds", com o próprio Roi Pearce a cantar a música.

Terminada a actuação dos Old Firm Casuals era altura de ir para a frente... iam começar os Off! Pessoalmente, eram a banda que eu mais queria ver no festival todo. Já expliquei em dois posts anteriores que tenho o vocalista dos Off! (Mr. Keith Morris) em grande consideração. Devo mesmo dizer que, para mim, é o melhor vocalista punk rock de sempre (em termos vocais). Depois, era altura de ver a banda na sua fase inicial, ainda cheia de raiva e de vontade de mostrar serviço.

 
Off!
E devo dizer que fiquei rendido! Off! ao vivo foi melhor do que eu estava à espera. Foram cerca de 35/40 minutos sempre a abrir, sempre a despejar o punk/hardcore furioso com garra e vontade.

Fiquei rendido, completamente. Tocaram, na íntegra, os 5 Ep's que já têm no mercado.

O momento alto foi o tributo ao Jefferey Lee Pierce (Gun Club) com a música com o nome do mítico vocalista da banda garage californiana.

Este concerto, para mim, foi um dos três melhores do Rebellion e dos melhores concertos de punk que tive o prazer de assistir.

Quando terminaram, deu tempo para ir fumar um cigarro, beber mais uma cerveja e descansar os pés... porque a seguir vinham os reis do psychobilly, os Meteors.

Começaram com um instrumental e seguiu-se o clássico "Shout So Loud". Admito que era das bandas que também mais queria ver, mas desta vez saí um bocado desiludido. Se o Sr. Fenech esteve muito bem (como parece ser habitual) e se o contra-baixista (Simon Linden) também cumpriu bem com o seu papel, o baterista (Wolf) pareceu-me limitado naquilo que fazia. Parecia que usava sempre o mesmo ritmo para todas as músicas.

Não gostei muito, mas ainda cantarolei temas como "Shout so Loud" ou "Wolfjob" (um dos meus temas preferidos dos Meteors).

Antes do fim dos Meteors ainda dei um saltinho ao Bizarre Bazaar ver o que faltava do concerto dos Bay City Rollers liderados pelo membro original,  Eric Faulkner.

Já os tinha visto o ano passado em Berlim e voltei a ver este ano, ficando com a mesma opinião. Muito bom ao vivo, fazendo mesmo lembrar uns Vibrators (na sua melhor fase). (Power) Pop com toques de punk e glam que continuam a resultar mais de 30 anos depois.

Depois era hora de voltar ao hotel para descansar e dormir o sono dos justos, porque no dia seguinte (sexta-feira) havia mais bandas boas para ver!

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

De Inglaterra com Amor - Rebellion Fest 2011 (Blackpool)



Finalmente as férias acabaram.


Entre idas por aqui e para ali, destaca-se, claramente, a ida ao maior festival punk de todos... o Rebellion Fest. Teve lugar em Blackpool, uma simpática cidade costeira inglesa. Fica a 1h30 de comboio (confortável, leia-se) de Manchester e é equidistante de Liverpool.

O ambiente já no aeroporto de Manchester era pre-festa na véspera do festival. Camisas de 999, t-shirts de UK Subs, The Joneses, Killing Joke, Cock Sparrer ou 4-Skins podiam-se avistar na estação de comboios que era colada ao aeroporto.

Sinceramente sentia-me como peixe na água. Olhar à volta e ver centenas de pessoas com a mesma "escola" que eu e com gostos musicais semelhantes sempre foi algo que me fez arrepiar.



Quanto ao festival em si, dada a quantidade de bandas que consegui ver, vai demorar até conseguir uma análise minimamente decente.

No entanto, esta virá... o seu a seu tempo...

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Os Estudantes - Punk Hardcore do Brasil


Bem, em primeiro lugar devo dizer que, tirando a 1ª geração, o punk brasileiro a mim sempre me passou ao lado.

Gosto dos Olho Seco, dos Replicantes, dos Camisa de Vénus, dos Inocentes, de uma ou outra coisa dos Cólera e pouco mais.

No entanto, há coisa de 1 ou 2 anos descobri uma banda que me encheu as medidas.

O nome pode enganar (e a capa do Cd também), mas quando metemos o CD/LP d' Os Estudantes a tocar na aparelhagem não há hipótese... arrasador!!

Para quem (como eu) gosta dos DYS, Social Unrest, Los Olvidados, Zero Boys, Black Flag, Circle Jerks, Negative FX e por aí, aqui está uma banda cujo álbum devia ser obrigatório na colecção.

Contam ainda só com um Split  (2001) com os Evil Idols (uma excelente banda de speed punk à Zeke também do Brasil), um LP/CD sem nome (2007), um EP (2007),  e uma entrada numa compilação brasileira (2010).

O impacto desta banda já chegou além-fronteiras, chegando mesmo à capa da mítica revista Maximum Rock'n'Roll em 2010.


Começaram a tocar juntos em 2000, oriundos dos escombros de uma banda de nome Claro Que Não, herdando o vocalista e baixista desta banda.

Pessoalmente, só conheço mesmo o álbum... que é uma descarga de energia do principio ao fim. Destaque para o grande tema "Não Quero Saber" (algures entre Circle Jerks e Minor Threat) e para "Pária" (hardcore de excelência à Negative FX).

Aguardo ansiosamente que chegue um segundo disco, pelo menos tão bom como o primeiro.

Para mais informações, podem consultar:

- O Myspace Oficial da Banda


- Blog "Contos do Underground"







Dois trechos de actuações ao vivo dos Estudantes, enérgicas e caóticas como podem ver