Nos últimos tempos isto tem sido pródigo e abundante em concertos.
Guardei os últimos 3 concertos para fazer uma review só. Ora então cá vai:
Toyota Playboy – Ora começamos muito bem, com uma grande surpresa. Não sei que raio de associação de ideias me levou a pensar que esta banda era mais uma da lista do “rockabilly tão aborrecido que nem dá vontade de ver”... ora pois que me enganei. Bastaram duas ou três músicas para me fazerem levantar os ouvido e, depois, ir lá para a frente abanar a cabeça e levantar o copo. Energia, garra e alguma loucura (da saudável... pelo menos, no nosso mundo é saudável) são os ingredientes desta banda. As influências não sei quais são, mas soa claramente a Gun Club com mais distorção com pitadas de Cramps e algum punk-rock mais “garageiro”. Admito que me surpreenderam e espero vê-los em breve, em Lisboa ou noutro lado qualquer. Mas fiquei realmente com vontade de os ver novamente. Até sei que banda ia muito bem com esta... a ultima que me surpreendeu nesta área chama-se Alto!
Legion Of The Sadists – Por onde começar? Gostei, claro que gostei. Ouvi temas que adoro, re-vi amigos de longa data, passei um bom bocado... mas esta banda já não é a mesma coisa. Ganharam em qualidade de execução, a segunda guitarra dá outra energia e o baterista é mais completo e capaz. Há temas que ganham realmente muito com esta nova formação. Provavelmente devia ter começado por explicar que o vocalista nestes dois concertos (Coimbra e Loulé) não foi nem o Cobretti, nem o Poli... foi o membro original Smash Sadist.
Mas por outro lado, há qualquer coisa ali de diferente... parece-me que a coesão não é a mesma e a “mística” também se perdeu um pouco. Aquela energia genuína que saía dos 4 elementos originais, não sei porque motivo, perdeu-se um pouco e isso empobrece os concertos, onde esta banda sempre foi aterradora (no bom sentido).
Portanto... sim, ganha-se em qualidade musical, mas perde-se na selvajaria e atitude. Ainda assim, brilhantes as interpretações, especialmente, de “Vidas Sujas”, “No Sports, Just Whiskey”, “No Tomorrow” e o melhor tema do concerto... “Nazty Venus”. Tou ansioso por pôr as mãos no 2º álbum dos Sadists!!
Fotos por Joana Oliveira
Mata Ratos – Surpreendido! Foi assim que fiquei. O alinhamento foi muito bem escolhido e a banda pareceu que tinha uma energia extra que me deixou mesmo muito contente. Começaram logo com o “Ratos” (um dos melhores temas dos Mata-Ratos!) e seguiram-se muitos outros clássicos... “Eu Tenho um Pobre”, “Amor Eterno”, “Leis de Merda”, “Xupaki” (tema que fechou com chave de ouro o concerto) e aquele que foi para mim o melhor momento do concerto: “Outra Rodada”. Só achei que em certos momentos uma segunda guitarra seria muito útil e traria uma maior energia a uma banda que dispensa qualquer tipo de elogios. Excelente!
Fotos por Joana Oliveira
The Parkinsons – Nostalgia pura. Este concerto fez-me recuar vários anos no tempo. Tal como há 9 ou 10 anos, no 1º concerto em Lisboa que deram, começaram com “Too Many Shut Ups” e a partir daí foi a descarga de energia que estes 4 nos habituaram. O setlist foi muito bem escolhido, todos os bons temas estavam lá (e ainda se conseguia arranjar mais uns quantos) e os Parkinsons deram-nos um bom momento de punk rock à Clash, Damned ou Stiff Little Fingers. “Angel In The Dark”, “Reason To Resist”, “Underclass”, “Heroes and Charmers”, “Bedsit City”, “Nothing To Lose”, “Bad Girl” e por aí fora fizeram a Caixa Económica Operária vir abaixo num excelente concerto de punk rock. É pena este tipo de eventos pecarem por escassos. Depois veio o encore com “Primitive” (a melhor música dos Parkinsons!), “New Wave” e “Scientists”, que foi o culminar brilhante de uma noite para mais tarde recordar.
Os Parkinsons são daquelas bandas que conseguem agarrar o público do princípio ao fim. A energia que têm, as boas músicas que tocam e o carisma que conseguem transmitir, faz deles um caso ímpar e singular no punk rock nacional. Que me lembre, nenhuma banda portuguesa (ou 75% portuguesa) a cantar em inglês se conseguiu impôr de uma forma sequer parecida... Ajuda o facto do Victor Torpedo ser um guitarrista que faz lembrar a cada movimento o Mick Jones... Ajuda o facto do Afonso ser um dos 3 melhores front-men portugueses, com tiques de Stiv Bators ou Iggy Pop... ajuda certamente as músicas serem boas, orelhudas e bem tocadas.
E pronto, assim me meteram mais 2 ou 3 dias a re-ouvir os cd's que tenho dos Parkinsons. Obviamente que o concerto não foi tão bom como das outras vezes que os vi... mas é natural que uma banda que se reúne não esteja tão oleada como uma banda que esteja embalada por dezenas ou centenas de concertos e ensaios. Mas foi um concerto do caralho!
Fotos por Joana Oliveira
Marky Ramone's Blitzkrieg – Se Mata-Ratos e os Toyota Playboy surpreenderam pela positiva... este concerto do Marky foi decepcionante. Achei o Marky um tanto ao quanto preso de movimentos, mais em baixo que das outras duas vezes que o vi. A banda suporte também era mais fraca que as anteriores. Ok, tal como conversava no final do concerto... o facto de ser o Michale Graves a cantar fez-me elevar um pouco as expectativas. Mas achei um tanto ao quanto despropositado este tentar colar a voz à do Joey. E foi também despropositado e aborrecido (para ser amigo) o set a solo do Michale a interpretar só à guitarra temas da fase mais recente de Misfits (Fiend Club, Descending Angel e Scream).
Fotos por Joana Oliveira
Quanto ao concerto em si... foi sempre a partir do princípio ao fim... Rockaway Beach, Teenage Lobotomy, Psycho Terapy, Do You Wanna Dance, Havana Affair, Pet Semetary, Beat On The Brat, She's The One, Chinese Rocks e por aí fora fizeram as delícias da audiência (bastante jovem!) e puseram a rapaziada toda a cantar, naturalmente.
Os grandes destaques da noite, para mim, foram a versão dos Motörhead (“R.A.M.O.N.E.S.”) e uma versão realmente boa da “Poison Heart”.
Terminaram a primeira parte do concerto com o clássico “Pinhead”, com a rapaziada toda a berrar “Gabba Gabba Hey” com todos os pulmões. Depois veio o tal “set de Michale Graves a solo” que já falei em cima.
Finalmente, concluíram a actuação com “Dig Up Her Bones” (Misfits), “Have You Ever Seen The Rain” (Creedence Clearwater Revival, também versionada pelos Ramones no seu album de covers – Acid Eaters), “Wonderful World” (Louis Armstrong, também versionada pelo falecido Joey Ramone no seu album a solo – Don't Worry About Me) e, claro, “Blitzkrieg Bop” a terminar.
Foi uma hora e tal divertida, sem dúvida, a ouvir temas da banda que mais me marcou e que continuo a considerar a melhor banda de sempre. Obviamente que foi um bom concerto... mas de um Rock'n'Roll Hall Of Famer espera-se mais (muito mais) do que tocar ad eternum músicas escritas pelos seus companheiros (já falecidos, note-se). Especialmente quando o mesmo Marky Ramone (ou Marc Bell) tocou em Dust, Richard Hell and the Voidods e tem albúns com os Speedkings e outras bandas de suporte.
Mas como diz um amigo meu... se ele andasse a tocar as coisas dele ao vivo... tocava para 100 pessoas se tanto.
Fotos por Joana Oliveira
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